quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Velhice chega também para o melhor amigo do homem.

Chegada da 3a idade causa nos cães uma série de doenças e necessidades...
O vira-lata Chumbinho era sapeca. Agitado e brincalhão, ele passou a infância mordendo os objetos da família dando preferência aos sapatos espalhados pela casa. O tempo foi passando e com ele veio a fase adulta. Contudo, aos 13 anos, o cão começou a manifestar os primeiros sinais da velhice. Afinal, é como dizem: a idade não perdoa ninguém. Nem mesmo os melhores amigos do homem.

Além dos pelos grisalhos e da dificuldade para latir, Chumbinho apresentou um problema nos rins. “Ele não fazia xixi, chorava muito, tinha febre. Lembro-me que ele teve que tomar 12 injeções”, relembrou proprietário do animal, o supervisor de Logística Gustavo Braga Diniz, 26 anos. Seis meses depois, Chumbinho teve a mesma doença, mas se recuperou de novo. No entanto, a velhice enfraqueceu os ossos e a energia de Chumbinho não voltou a ser a mesma.

Hoje, aos 15 anos e 5 meses, o cão ainda está se acostumando com a recente perda da visão do olho esquerdo, por causa de um câncer. “Retirado o nódulo, ele não teve mais nada. Agora, os problemas são de velhice mesmo. Às vezes, ele sente uma tremedeira ou cai porque troca as patinhas traseiras quando vai andar. Está capenga, mas está bem vivo”, contou Gustavo Braga.

Histórias como a de Chumbinho são comuns. Em alguns casos, o envelhecimento acarreta ainda mais complicações. Perda de elasticidade da pele e do brilho do pêlo, problemas nas articulações, diminuição da capacidade de cicatrização e problemas cardíacos são alguns dos sintomas mais comuns citados pela médica veterinária Regiane dos Santos Arantes. “Como nos humanos, acontece o envelhecimento celular no cão, fato que é inevitável. Com isso, vem a perda significativa da imunidade do animal, deixando-o susceptível a doenças”, explicou.

Regiane dos Santos acrescenta que é comum que os cães fiquem mais quietos. Chumbinho, por exemplo, que é da raça pincher misturada com fox paulistinha, foi obrigado a trocar a vida agitada pela calmaria. “Hoje ele só come — come muito —, dorme o dia todo e ronca alto. Isso quando ele não faz xixi pela casa, por onde passa”, brinca Gustavo Braga.
Prevenção
É com orgulho que Gustavo Braga declara que Chumbinho, aos 15 anos, não perdeu nenhum dos dentes. “É porque ele come frutas todos os dias”, garante. Embora o hábito do vira-lata não seja comprovadamente fundamental para o fortalecimento dos dentes, Regiane dos Santos admite que a nutrição é a principal forma de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao cão idoso. “O uso de rações específicas para a 3ª idade, por exemplo, é muito importante até para prevenir a obesidade”, exemplificou.

A veterinária alerta para a importância de escovar os dentes do cão pelo menos quatro vezes na semana e de manter em dia a vacinação e a vermifugação. “Também é aconselhável a castração. Na fêmea, o procedimento previne problemas uterinos e tumor de mama. No macho, o câncer de próstata”, enfatizou. Quanto à criação, Regiane é enfática: “É lenda dizer que a cria aumenta o risco de doenças”, esclareceu.

Complicações comuns na velhice canina

- Perda da elasticidade da pele e do brilho no pêlo
- Diminuição da imunidade
- Problemas na articulação
- Problema cardíaco e renal
- Catarata
- Problemas na gengiva
- Diabetes
Prevenção
- Atenção na alimentação (rações específicas para o idoso)
- Escovação dos dentes
- Vacinação
- Vermifugação
- Castração
Cuidados na velhice
- Nutrição
- Visitas periódicas ao veterinário (de 6 em 6 meses)
- Ambiente (atenção para os objetos espalhados no local que o cachorro vive, para evitar choques e tombos)
- Hidratação (colocar a vasilha de água próxima à cama ou espalhar várias pela casa, já que o cão fica mais preguiçoso e sente dores)

Genética determina doenças

Depois de ficar ranzinza, perder boa parte dos dentes e a visão de um olho por causa de uma catarata, Spark, um cãozinho teckel de 15 anos, começou a ter problemas ao caminhar. “Têm horas que ele custa levantar. Quando consegue, anda torto, escorrega, bate a boca no chão, é um horror”, contou a proprietária do animal, a vendedora Naida Dias Rabelo. A veterinária Regiane dos Santos explica que é comum isso acontecer em cães teckel (dachushund), assim como outras raças também são predispostas a problemas específicos.

De acordo com a especialista, por causa do corpo comprido, que não dá estabilidade à coluna, e as pernas curtas, que acabam não amortecendo o impacto dos passos, o teckel geralmente tem problemas sérios nas articulações. Com o tempo, ocorre a calcificação do disco intervertebral, o que diminui a condução do estímulo nervoso e faz com que ele ande de forma mais rígida. Em muitos casos, acontece a perda dos movimentos dos membros inferiores. Tanto é que essa é a raça que mais faz uso da cadeira de rodas.

O porte do animal também é determinante para a causa de complicações na 3ª idade canina, inclusive no que diz respeito ao tempo de vida. “Cães grandes como o labrador e o boxer, envelhecem mais rápido. E pelo tamanho, o desgaste nas articulações é maior, devido ao esforço que ele faz”, confirmou Regiane dos Santos.

Spark é considerado pela veterinária como um idoso saudável. Apesar da dilatação cardíaca, que também é comum em cães da raça teckel, o animal está “enxuto”. A dona de Spark confirma: “Às vezes, ele até corre e pula, está espertinho. Mas quando surgem os sintomas, tem que medicar, porque senão ele fica caidinho em um canto”, observou Naida.
Idade que o cão entra na 3ª idade
- pequeno (até 10 quilos): 8 anos
- médio (cerca de 25 quilos): de 8 a 10 anos
- grande (cerca de 45 quilos): 7 anos
- gigante (mais de 45 quilos): 6 anos
Exemplos de raças que apresentam complicações específicas
- Boxer: tumor, problemas na articulação do quadril e dilatação cardíaca
- Labrador: artrites, obesidade, problemas nas articulações
- Teckel (Dachushund): problemas nas articulações da coluna, obesidade, tumor de mama, problemas renais
- Poodle: cataratas, luxação de patela (osso do joelho), epilepsia (convulsão), glaucoma, diabetes e aparecimento de verrugas
- Schnauzer: cálculo nos rins e na bexiga
- Cocker: otite e dilatação cardíaca
Eutanásia é procurada por donos por comodidade
Os problemas decorrentes da velhice canina são motivo de reclamações por parte dos proprietários. Alguns chegam a pedir que o veterinário sacrifique o animal para não terem a responsabilidade de cuidar. “Toda semana, pelo menos uma pessoa me liga perguntando quanto eu cobro para fazer a eutanásia do cão. Alegam que não têm tempo para cuidar, que ele está dando trabalho, enfim, por comodidade. No entanto, eu só faço quando não existe outra saída e o cão está sofrendo. Do contrário, eu não faço de jeito nenhum”, garantiu Regiane dos Santos.

A veterinária afirma que tem como saber quando o animal desistiu de viver, hora que, para ela, é a única passível de eutanásia. “Às vezes, o cão sofre tanto que não come mais, rejeita água, não abana o rabo, e fica só com o olhar fixo”, citou Regiane. Ainda assim, ela não indica de cara o sacrifício, mas oferece essa opção ao proprietário.

Naida Dias não esconde que perde a paciência com a sujeira que Spark faz quando acorda, mas nem cogita a possibilidade de doá-lo. Muitas pessoas me falam que eu sou boba, que o Spark está morrendo, mas eu vejo que ele ainda está espertinho. Não teria coragem nunca”, assegurou. Regiane dos Santos concorda: “É o que eu digo para aqueles que me ligam. É um absurdo querer se desfazer de um cão que dedicou a vida toda ao dono”, opinou.

Gustavo Braga já começou a lamentar a velhice de Chumbinho. “É um membro da família, porque ele é meu companheiro desde que eu tinha 11 anos. E o primeiro cão a gente nunca esquece. Ele é insubstituível”, disse. Mesmo assim, o supervisor é otimista. “O ‘Binho’ é um cachorro que sabe viver, e por isso ainda está aí. Pela forma com que o criamos, pelo amor que passamos para ele, acredito que ele viva até os 17 anos”, concluiu o supervisor de Logística.

Gustavo, como todo “pai” coruja que se preze (para ele, Chumbinho é um filho), não esconde o amor que sente pelo cão. “Com o ele sinto alegria. Desabafo, converso com o ‘Chimbimbim’, que até me dá conselhos. É que, para mim, seus olhos dizem muita coisa”, confessou emocionado.

Naida também se derrete por Spark, o qual carinhosamente apelidou de “menino velho”. “Tenho muita pena e vou cuidar dele até o fim”, concluiu.

Um comentário:

  1. Olha, esse negócio de idade é muito triste. Tenho uma cadela de 17 anos poodle com tremedeira, nem consegue dormir direito... Amo esses animais, mas o deus fez, é.

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