quarta-feira, 10 de junho de 2009

Filhotes precisam ser sociabilizados

Revista Cães & Cia, n. 347, abril de 2008

Saiba o que deve ser feito para sociabilizar filhotes, procedimento dos mais importantes para garantir a boa saúde mental do cão

Só há uma chance para fazer a sociabilização do filhote e ela acontece apenas durante um período curtíssimo. Para piorar, ocorre quando muitos proprietários ainda estão aprendendo a lidar com o cão.

Para que serve
O objetivo da sociabilização é garantir que o cão tenha boa interação e bom equilíbrio emocional diante de diversos estímulos que ele poderá encontrar no decorrer da vida.

Quando não é sociabilizado adequadamente, o cão pode ficar medroso ou agressivo diante de objetos, como aspiradores de pó, de lugares, como avenidas movimentadas, e de sons, como estampidos de fogos de artifício.Um cão mal sociabilizado pode, inclusive, atacar crianças, por medo ou por confundi-las com presas.

É durante o período de sociabilização que o filhote aprende a reprimir o instinto de caçar determinados animais e até crianças! Um cão que aprendeu a não caçar os gatos ou papagaios de uma casa conseguirá aprender com muito mais facilidade a não caçar os gatos ou passarinhos de outra casa.

Influi, mas não garante
A sociabilização provoca mudanças profundas na maneira como o cérebro processa diversas informações, facilitando diferentes tipos de aprendizado e reações muito mais naturais aos estímulos novos e desconhecidos. Uma boa sociabilização não é garantia de que o cão não ficará medroso ou agressivo, mas influenciará muito para evitar que isso ocorra.

Alguns cães possuem um temperamento tão corajoso e destemido que, mesmo não sendo sociabilizados da maneira adequada, se tornam saudáveis psicologicamente. Vi isso acontecer com diversos Labradores, por exemplo. O problema de correr o risco de não sociabilizar é que somente teremos certeza da saúde mental do cão depois que o período de sociabilização terminou.

Apenas um mês para agir
Normalmente os filhotes são entregues aos futuros proprietários com cerca de 2 meses de idade. Como o período mais importante da sociabilização termina aos 3 meses, sobra apenas um mês, portanto, para o dono colocar em prática todo o procedimento descrito aqui. Esse é o mês que mais influenciará o cão pelo resto da vida. Depois disso, é ainda possível sociabilizar, mas o resultado costuma ser bastante inferior e menos duradouro.

Para sociabilizar, devemos colocar o filhote em contato com uma variedade enorme de estímulos, de animais a barulhos, sempre tomando cuidado para que essas experiências sejam agradáveis e seguras.

Doenças contagiosas
Infelizmente, o período de sociabilização termina antes de o filhote estar totalmente imunizado. Por isso, não podemos esperar o término das vacinas para começar a sociabilizar. Ao mesmo tempo, devemos estar cientes dos riscos envolvidos e tomar o máximo de cuidado para que o filhote não desenvolva doença. A boa notícia é que grande parte da sociabilização pode ser feita com baixo risco para a saúde física do filhote.

No Brasil, é dada pouca atenção à importância da sociabilização. Está certo que, infelizmente, muitas regiões do País ainda sofrem alta incidência de doenças contagiosas, o que pode colaborar para os criadores e veterinários cuidarem muito da saúde física do filhote, comprometendo a saúde psicológica dele por falta de sociabilização.

Processo gradual
Sempre devemos apresentar os estímulos novos de maneira gradual, observando o comportamento do filhote. O correto é que ele não demonstre medo. No máximo, pode ter um pouco de receio. Normalmente, enquanto o filhote aceita brincadeiras e petiscos sem estar com a cauda recolhida entre as patas traseiras, tudo corre bem. Uma vantagem de testar o filhote com brincadeiras e petiscos é que essas atividades por si só relaxam, além de serem prazerosas.

Cinco categorias, dicas variadas
Podemos dividir os estímulos que um filhote precisa receber em cinco categorias: pessoas, animais, objetos, ambientes e ruídos. Em cada categoria há dicas importantes a seguir para evitar traumas e riscos de contaminação com doenças contagiosas.

No próximo artigo abordarei essas dicas e demais procedimentos para pôr o filhote em contato com cada uma das categorias de estímulo.

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