sexta-feira, 19 de junho de 2009

Opinião: Pais não devem aguentar birra dos filhos durante os passeios


As férias estão chegando e muitas famílias já fizeram alguma programação para se entreterem com os pequenos. Estes querem se divertir adoidado. E aqueles gostariam de aproveitar o “descanso” das crianças para também descansarem, incluindo passeios calmos, permeados de refeições tranquilas, e com diversões que, naturalmente, tenham um cunho cultural.

Como cada uma das partes tem um ritmo, muitas vezes as coisas não acabam dando muito certo. Isso não só na época de férias, mas também em qualquer passeio que um casal vai fazer com seus filhos. Parece que nunca há o que chega em termos de diversão para as crianças. Se vão a um parque, elas não querem ir embora. Nesse momento, volta e meia há choradeira. Sem contar aqueles que enfrentam seus pais falando coisas desagradáveis ou mesmo se jogando ao chão.

Essas situações beiram ao constrangimento para os adultos. Alguns observam a cena com olhar de cumplicidade. Outros, com ar crítico, de quem sabe tudo sobre criança. E os pais muitas vezes, para se livrarem da situação e da gritaria, acabam cedendo e fazendo tudo o que os pequenos desejam.

Quando não cedem, fazem ameaças que pouco são cumpridas. Incluem personagens que não existem: “Vou chamar o homem do saco para te pegar!” _que mais servem para assustar as crianças e criar outros problemas ou promessas que nunca são cumpridas, do tipo não lhe dar presente no natal. Até porque, ficam tão distantes da situação em si que pouca relação a criança vai fazer entre uma coisa e outra. Muito menos o pai se lembrará ou se disporá a cumprí-la.

Fora não querer interromper a diversão, algumas crianças parecem ter um dispositivo que aciona quando saem de casa. Fazem birra e não obedecem os pais em coisas simples durante os passeios. Parecem estar sempre medindo forças para ver quem manda mais, amparadas pelos olhares curiosos.

Talvez fosse interessante para as famílias, que vez ou outra passam por isso, fazerem uma reflexão do que pode estar significando o comportamento desta criança ao saírem de casa, o que ela está tentando comunicar através dele.
O que não quer dizer que os pais tenham que tolerá-lo _é muito estressante_ nem se envergonharem. Muitos passam por isso.

É necessário que haja uma contenção do comportamento da criança _uma limitação de sua ação que é dado pelo outro_, algo necessário para elas que se assustam com o “poder” que sentem ter nessas e em outras situações.

Não são elas que mandam. Podem opinar, mas a palavra final compete aos pais. Para isso, eles têm de acreditar que a autoridade é deles. Só então vão poder impor aos filhos (autoridade, não autoritarismo). Isso lhes traz segurança.

Regras

Nas saídas com os filhos, algumas atitudes práticas ajudam. Antes de sair de casa algumas regras precisam ser lembradas e estabelecidas em conjunto com os pequenos. Por exemplo, considerando um passeio em que as crianças vão brincar e depois todos comerão algo, conversar de antemão que terão um tempo na parte de diversões e depois todos tomarão um lanche juntos.

E não serão admitidos choros ou insultos na hora que terminarem com os brinquedos. Caso isso ocorra, voltarão para casa e ficarão um tempo sem a parte da diversão.

Com crianças que fazem escândalos quando saem de casa, é preciso deixar claro que, na primeira manifestação deles, voltarão para casa e o passeio estará encerrado.

Isso deverá realmente ser cumprido se for combinado. Do contrário, a palavra dos pais perde seu valor, o que exigirá um sacrifício deles de também abrirem mão de sua diversão. No entanto, dificilmente eles estarão bem passeando num clima de histeria. Aos poucos a criança vai perdendo força usando de gritarias e escândalos, situação reforçada até então pelo comportamento de ceder dos pais.

E, com certeza, isso pode ser conseguido pouco a pouco, com atitudes pontuais. Ninguém pense que fazendo isso ou alguma outra coisa, uma ou duas vezes, resultados aparecerão. Até porque não exitem fórmulas milagrosas. E educar filhos não é das tarefas mais fáceis.

Mas quando algo é combinado previamente e se acredita naquilo que se propõe, o caminho se torna mais simples.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

Créditos: G1

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