terça-feira, 30 de junho de 2009

TORI NO ICHI


Em meados do mês de novembro, acontece um festival chamado Otorisama nos Templos Ootori Jinja. Inicialmente, Otorisama era tido como Deus dos Samurais, mas hoje é Deus da prosperidade nos negócios e do transporte marítimo. Os mais famosos Templos Ootori Jinja são o de Sakai, em Osaka e o de Asakusa, em Tóquio.
No dia do festival, a área do templo fica repleta de barracas comerciais, onde o produto mais procurado é o kumadê (ancinho, um instrumento agrícola com um longo cabo, usado para juntar palhas, folhas secas, etc.).
Kumadê significa literalmente "pata de urso", e é assim chamado devido ao seu formato. Quando à relação existente entre este instrumento e a festividade, existe a seguinte explicação: antigamente, a região onde situa o Templo Ootori de Asakusa era uma área agrícola, e na ocasião da festividade, vendiam-se utensílios e instrumentos agrícolas.
Como a venda não era satisfatória, colocou-se nos ancinhos o desenho do rosto da Deusa da Felicidade Okamê (rosto feminino engraçado e simpático) e vendeu-se como um objeto que atraía boa sorte. Assim, o produto passou a ser muito procurado.
A idéia de dar ao objeto um valor adicional foi uma estratégia comercial bem sucedida. Atualmente são penduradas no kumadê inúmeras outras coisas como: koban (moeda da Era Edo de elevado valor), o peixe Tai (pargo, por rimar com medetai, palavra usada para expressar boa ventura; a beleza deste peixe o faz indispensável nas ocaisões de festas), sacas de arroz (o arroz sempre foi o principal alimento e simboliza riqueza), grou e tartarugas (esses animais simbolizam longevidade, conforme o ditado:Tsuru wa sennen, kame wa mannen, que significa " O grou vive mil anos e a tartaruga, dez mil").
Pinheiro/bambu/ ameixeira ( o pinheiro, por ter suas folhas perenes, simboliza a vida imutável; bambu simboliza a retidão e o crescimento vigoroso; a ameixeira que floresce no início da primavera simboliza uma beleza que supera as adversidades), porta-amuleto (amuletos recebidos nos templos xintoístas: figuras com imagens ou escritos que as pessoas carregam junto de si ou fixam na parede de sua casa, para afastar desgraças ou malefícios), seta e alvo (para que as metas traçadas sejam alcançadas), plaqueta com a inscrição shoobai hanjoo ( sucesso nos negócios e prosperidade), outra plaqueta com a inscrição kanai anze (bem estar da família, para que tenha saúde e nada de negativo aconteça), martelinho (é a versão japonesa da "lâmpada de Alladin", ou seja, realiza qualquer desejo, bastando para isso, agitá-lo), etc.
Será isso uma mostra de como o homem moderno recorre a Deus para realizar sus desejos?
Segundo contam, quanto mais recessivo o ano for, a procura pelo ancinho é maior. No ato da compra, o comprador e o vendedor realizam juntos o teuchi (bater palmas ao mesmo tempo). Este objeto que atrai a sorte é adquirido antes da passagem do ano, colocado na parede ou no santuário da família e as pessoas oram para que o novo ano traga boas venturas. Mesmo nesta era de alta tecnologia estas tradições ainda continuam sendo seguidas.

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