quinta-feira, 8 de outubro de 2009

É proibido chorar?


Quando uma dor muito grande chega aos corações dos que se afirmam cristãos e, em especial, dos espíritas, ela se extravasa pelos olhos, em gotas de pranto.

Nessa hora, é muito comum os adeptos da mesma filosofia, amigos, parentes se mostrarem admirados ante as lágrimas vertidas e formularem questões como:

Por que você está chorando? Você não é espírita? Onde está a sua fé?

E os que choram, já com a alma despedaçada, pelo evento triste pelo qual passam, ainda devem administrar essas atitudes que ferem a sensibilidade como lâmina afiada.

Então, esses companheiros sofridos, que aguardavam um ombro amigo para chorar, um aperto de mão, um abraço, passam a sofrer em silêncio.

Choram por dentro. Porque por fora lhes foi vetado, por censuras tolas e inconsequentes.

* * *

Quem disse que não se pode chorar ante um ser amado que parte para a pátria verdadeira?

Quem disse que não se pode verter lágrimas quando a carência bate à porta, nos braços do desemprego; quando o filho se envolve com drogas; quando a ingratidão chega, com seu punhal cruel?

Para os que elegemos como Modelo e Guia o Mestre Jesus e nos preocupamos em conhecer a Sua biografia, encontramos nos Evangelhos informações preciosas a respeito da dor e da lágrima.

Ao chegar a Betânia e ter a notícia da morte de Lázaro, ante as interrogações que lhe dirige Maria, a irmã de Lázaro, Jesus Se senta sobre uma pedra e chora.

Por que teria chorado? Com certeza não pelo amigo que sabia não estar morto, somente em estado letárgico. Contudo, deixou que as lágrimas corressem livres.

Talvez tenha chorado pela incompreensão das pessoas a respeito de quem Ele era, dos objetivos da vida e da certeza da vida imortal.

Quando Madalena adentra a sala do banquete, em casa de um certo Simão, e derrama as lágrimas da sua dor, do seu remorso, misturadas às da alegria por ter encontrado o amor que buscava há tanto tempo, Jesus não a repreende.

Antes, ensina ao anfitrião: Simão, entrei em tua casa e não me deste água para os pés. Ela, porém, os banhou com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos.

No trajeto doloroso ao Gólgota, ao Se deparar com as mulheres de Jerusalém, que choram a morte do justo, do ser que lhes abençoou os filhos tantas vezes, Jesus Se detém.

Não as recrimina por estarem a chorar. Antes lhes diz que não devem chorar por Ele, que Se encaminha para a glorificação na cruz, mas por elas mesmas e por seus filhos.

Vê-se, portanto, que o Modelo e Guia da Humanidade jamais falou contra as lágrimas da dor ou do arrependimento.

Assim, justo é que se chore quando a alma se veste de luto, quando se envolve no manto da dor.

O fato de ser cristão ou de ser espírita-cristão não nos transforma em criaturas insensíveis. Ao contrário, aprende-se a sentir a dor alheia inclusive.

O que não é coerente é o desespero, a lástima, a queixa.

Mas, lágrimas? Por que não, se elas traduzem o estado d´alma em lamento?

Por que não, se o próprio Cristo chorou! Ele, o ser perfeito.

Pensemos nisso e sejamos mais autênticos e sensatos, com ponderações bem ajustadas sobre a dor alheia, que nos merece, ao demais, todo respeito.

Afinal, foi Jesus que nos lecionou: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

Redação do Momento Espírita.
Em 28.09.2009

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