quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DESIGN GROTESCO





O Design contemporâneo transmite quase sempre uma imagem do bonzinho e bem comportado. As vezes até enjoa a sua opção politicamente correta por obedecer as regras estabelecidas pela academia e pela opção defensiva-apelativa das industrias dos objetos de uso. Regras do mercado e do lucro. Enquanto isso os designers independentes penam para sobreviver nesse capitalismo selvagem, opressivo e planetario. Existe até uma chamada “teoria do Design” ou “do produto” para definir as regras do bom comportamento e do sucesso do produto. Tudo tem que ser bem desenvolvido, definido, correto, vendido, propagado, aceitavel e por vai a coisa. Ninguem se revolta, pouquissimos negam as regras e poucos verdadeiramente ousam. Todos querem fazer diferente do que os outros fazem, por uma questão puramente egocentrica e baseada em visões pessoais equivocadas. Outros vão além e fazem do Design uma atividade de espetáculo teatral ou arte conceitual; dá no mesmo.

O “Bom Design” é Belo. O “Bom Design” é Simples. O “Bom Design” é Util.

São os velhos jargões que aprendemos e que até hoje são sustentados pelos academicos “bem comportados” da turma do Design certinho.

Mas o lance é que o Design é uma atividade humana tão ampla que não fica só no limite dos usados jargões e então o erro fica amigo do acerto, a beleza é amante da feiura e a loucura tem como companheiro o siso.

Sendo assim, apresentamos a figura nada impoluta do designer Michel Hailard e seus loucos e espantosos trabalhos em mobiliario. São cadeiras, poltronas mesas, aparadores, estantes e comodas, cadeiras longas e outros objetos, com resultados formais dignos de um filme de terror ou da casa do Drácula. São tão diferentes que alguns exemplos não se sabe de primeIra vista o que é ou para qual o uso. Em alguma soluções, Michel confunde o uso e não sabemos o que é uma cadeira ou uma poltrona. Ele usa detalhes de animais como chifres e ossos, peles ou couros naturais nos revestimentos e são sempre escuros e aparentemente rusticos no acabamento, mas não são. E todos são diferentes! A forma é animalesca e foge de tudo que se conheça de racional e bonitinho no Design. Ele usa e abusa e dane-se quem quiser. Surreal!

Com tudo isso e mais alguma coisa, Michel consegue “fazer Design”, só que do seu jeito e ninguem tasca. Aliás, ele reverte tudo o que se pensa ou se conceitua sobre o que é Design. Fantástico. Horripilante. Surpreedente. Corajoso e ousado. Unico!

As imagens dizem tudo. Quer dizer, quase tudo, porque confundem mesmo...


Fonte: http://www.saberdesign.com.br

4 comentários:

  1. Perfeita a sua crítica ao design contemporâneo. Essa visão vesga dos designers da moda, aliás, não é, infelizmente, uma deformação restrita ao setor. Infecta todas as áreas que lidam com a criação, inclusive as artes. Pobre do artista que ainda acredita na liberdade artistica. Ou melhor, pobre da Humanidade que já não sintoniza a magia da criação que os verdadeiros artistas captam com suas antenas sensibilíssimas.

    E os efeitos colaterais desse movimento "mesmicista", estático é, creio, a esterilização em massa de profissionais criativos e pepnsantes em todo mercado de trabalho. Como é difícil hoje em dia encontrar, por exemplo, um médico que exerça a medicina. Servidos por sem-número de equipamentos e exames sofisticadíssimos, o medico distancia-se cada dia mais do paciente ao abandonar, por demodé (tanto quanto a própria palavra demodé), os instrumentos amais simples e poderosos de que sempre dispôs: a observação e a sensibizidade. Examinar os olhos do paciente, por exemplo, e poder descobrir na hora que ele está sofrendo de anemia profunda deve ter se tornado uma prática antiestética, de mau gosto, o supra sumo da cafonice. Melhor pedir um hemograma completo e adiar e encarecer o diagnóstico, porque é muito mais chique, né?


    Enfim, essa uma questão complexa demais para ser tratada num comentário de postagem.

    Obrigado pelo texto oportuníssimo - e pela ilustração com essas magníficadas peças do Michel, deliciosmente surpreendente, transgressor, surrealista.

    Um abraço

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  2. Simplesmente amei seu Post falando da Madonna minha diva e a influência de Leonora Carrington em seu clipe, amei demais essa leitura do clipe, espero que Maddie um dia veja hehehehe, ficou perfeito !!
    Estava procurando por Leonora e caí aqui...ótima surpresa!!
    parabéns, seu blog tem muito conteúdo de qualidade.

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  3. Tuca, adoramos seu comentário...
    Ele completa nosso post e mostra que há pessoas inteligentes na internet... rs
    Nós é que agradecemos seu comentário!!!
    Abraxos

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  4. Obrigado Malu!!!
    Ficamos felizes que tenha gostado!!!
    Volte sempre!!!

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