domingo, 23 de outubro de 2011

Como lidar com cães que latem excessivamente


Aqui está mais um detalhe para a coleção de similaridades entre caninos e crianças. Do mesmo modo que ensinamos nossas crianças a falar e quando falar, nossos peludos devem aprender a latir e a não latir conforme a hora – especialmente no período da lei do silêncio, quando a vizinhança quer dormir ou simplesmente sossego.

Isso mesmo, educar o cão para não ser barulhento demais e não incomodar vizinhos é mais um dos aspectos da posse responsável. Treinar o cão para não latir demais sem motivo exige algum tempo, dedicação, paciência e atenção a cada caso, mas o resultado vale a pena para todos, inclusive o próprio cão, e aqui vai um guia geral.

Por que o cão late

Cada bicho se comunica, naturalmente, a seu modo: o cão late, o gato mia, o pássaro pia, a vaca muge e assim por diante. Tal como ocorre com as pessoas, uns cães tendem a latir menos que outros. Cada raça de cão tem sua frequência ‘latedora’, desde os lacônicos Rottweiler, Akita e Golden Retriever a Schnauzer, Beagle e Fox Terrier e outros que falam pelos quatro cotovelos.

Já os adoráveis vira-latas achados na rua, pela sua própria miscigenação, além da possibilidade de traumas passados na rua ou com donos anteriores, podem ser uma caixinha de surpresas – ou, conforme o caso, não uma caixinha, mas uma verdadeira beatbox – e precisam ser educados com mais afinco para não latirem à toa.

Muitas vezes, o peludo sai latindo porque deseja chamar atenção para alguma mudança ou problema: ou a ração acabou, ou faz tempo que ele não passeia e brinca ou simplesmente ele se sente sozinho. Como se diz, ele percebeu está numa situação em que levará mais vantagem latindo que ficando quieto.

Nesses casos, é só resolver o problema e a latição deverá sumir. É bom observar se o cão não está se queixando de alguma dor ou outro problema de saúde; se houver dúvida, passe no veterinário.

Educando o cão

Uma dica é associar a ordem de comando a um castigo leve (ou uma consequência), se ele desobedecer; e a uma recompensa quando ele obedece. O comando de “quieto!”, por si só, pode não resolver. Neste caso, borrife líquido contra mau hálito na boca dele, dado que a maioria dos cães não gosta do sabor, cheiro ou mesmo do ruído deste spray, eles irão associar a palavra “quieto!” à consequência desagradável de ter de aguentá-lo e perceberão que é melhor deixarem de latir à toa. (Na falta de borrifador, alguns treinadores recomendam dar um tapinha bem de leve no focinho do cão – mas sem machucá-lo, apenas incomodá-lo o suficiente para ele entender que fazer o que não deve leva a receber algo de que não goste.)

Obviamente, repita o comando até ele aprender. Quando ele obedecer ao comando de “quieto!” sem precisar da borrifada, dê-lhe um petisco ou brinquedo – isso mesmo, ele aprenderá que obedecer rende prêmios.

Pode-se também usar o truque oposto: ensinar o cão a latir sob comando. Espere até ele latir; quando ele latir, diga “Muito bom!” e dê-lhe uma recompensa – daí ele vai esperar seu comando para latir e, claro, ser premiado.

Educação à distância – ou quase

Se você estiver longe do cão e ele começar a latir sem motivo, não o chame para ir até onde você estiver; vá você até onde ele está, para observar as circunstâncias que causam a latição e treiná-lo imediatamente após ele latir, de modo que o peludo tenha absoluta certeza da relação entre a “coisa errada” e o castigo.

Pode acontecer de, se você precisar sair, o cão se sentir livre o suficiente para sair latindo. Está aí um bom desafio: treinar o cão para não latir enquanto você estiver ausente. Use então outro velho truque. Saia de casa à hora de costume e… volte para casa de repente e sem fazer barulho. Fique montando campana até o cão começar a latir sem motivo; então entre em casa, repreenda-o e vá embora.

Caso ele demore a latir, você pode agilizar o processo provocando ruídos que seguramente façam o peludo latir, como bater a porta do carro. Se você trabalha perto de casa, peça a vizinhos que avisem se o bicho começar a latir. Caso você fique mais longe, outra alternativa é pedir a alguém de confiança para repreender o cão.

Ah, sim: se o cão for muito bravo, o mais importante, e o mais seguro para você, será tratar o temperamento dele antes de pensar em monitorar seus latidos.

Coleiras antilatido

Coleiras anti-ruído também dão uma boa ajuda high-tech no bem-estar do peludo – e também dos vizinhos e familiares.

A voz do canino produz vibração que aciona um som em volume inofensivo, porém suficiente para irritar o cão o bastante para ele associar latidos fora de hora a sensações desagradáveis. (Há uma variação que emite choques de baixa voltagem, mas emissão de som me parece bem menos “cruel”.)

Estas coleiras são leves (cerca de 60 gramas) e podem ser usadas pelo bicho o dia todo, além de emitir sinais sonoros audíveis pelos humanos (e também sinais luminosos) para alertar sobre hora de troca de baterias (e até sobre a presença do peludo quando ele estiver mais quietinho). Estas coleiras ajudam muito, mas não espere milagres: poderão demorar alguns dias até o cão, se for daqueles que latem mais que a boca, perceber os efeitos do sinal sonoro da coleira. Eu já disse e direi de novo: paciência e atenção são essenciais e valem a pena.

Temos ainda o treinamento de guarda, que ensina o cão a latir somente para determinadas coisas e pessoas, mas já é outro assunto e fica para outra ocasião. Por ora, não precisamos imitar os críticos de arte que, como dizia o saudoso Procópio Ferreira, “são pessoas que querem ensinar cachorro a latir”; a partir do momento em que cachorros convivem com humanos, é só questão de os cachorros aprenderem quando latir (e dos humanos aprenderem como e quando falar).

Fonte: Yahoo
Imagem: Ilustração/Divulgação

Nenhum comentário:

Postar um comentário