quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A nova Era





Eu vos falo esta noite em versos e a linguagem


Provavelmente irá vos espantar, senhores;

A linguagem dos deuses vem de antiga usagem;

E os versos hoje são pouco merecedores.

Mas um dia virá para a Musa hoje triste,

E os corações em luz bem logo aplaudirão

Os acentos de amor de uma lira que insiste

Em vibrar entre as mãos de um jovem em galardão.

Bem logo se ouvirá, a elevar-se da Terra,

Um canto misterioso, um hino colossal

A cobrir com seu eco os ribombos da guerra

Troando nos canhões a serviço do mal.

Esse cântico é tudo: amor, progresso e luz!

Enfim, todos os homens se darão as mãos

E virão se reunir sob o pálio da cruz;

A doce liberdade há de marcar o chão.

Graças, Deus! Liberdade! Um é pai, outra é filha.

Mas ambos imortais: vós haveis libertado,

Enfim, de seu entrave, essa vossa família,

A Humanidade em dor, de coração magoado.

Dais esperança, enfim, ao pobre proletário,

Mas também libertando-o da revolução.

Vós fazeis triunfar o dogma igualitário

Pela bondade, o amor, pela abnegação.

Único é o estandarte e santa é a sua legenda:

Amor e liberdade, progresso e irmandade!

Que estas palavras vibrem nesta nossa agenda

Para depois chegarem a toda a Humanidade!

Eis o ensino que agora eu vos procuro dar

Por meu querido médium, guiando-lhe a mão.

Se em versos eu me exprimo, queiram me perdoar!

Em versos, não de luta, mas versos de irmão.


A. de Musset

(Traduzido do original em francês e publicado na “Revista Espírita” de junho de 1869 em Paris, França)

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